Votei Cavaco Silva e voltaria a votar, nas mesmas circunstâncias. Assumo! E penso que isso me dá ainda mais autoridade moral para o que vou escrever, uma vez que não posso ser acusado de pertencer a outros "clubes". Posto isto...
Fiquei desapontado com esta decisão do Presidente da República. Sim, quase todos me dizem que, só se ele fosse "tonto" optaria por ganhar o ordenado em vez das reformas. Sim, é essa a mentalidade dominante. Lamento, mas acho exactamente o contrário e concordo com o Presidente quando ele, repetidamente, tem vindo a dizer que o exemplo tem de vir de cima. O exemplo, neste caso e na minha modesta opinião, seria optar pelo ordenado correspondente à função que desempenha. Ordenado de Presidente para o Presidente. Ordenado de reformado para quando não estiver no activo e tiver, efectivamente, estatuto de reformado. Algo vai mal num País em que imensas reformas são superiores ao ordenado do mais alto cargo da Nação! Mas, hoje, nem quero ir por aí. Apenas me apetece repetir que o exemplo tem que vir de cima. E o Presidente da República perdeu aqui uma óptima oportunidade de "mostrar serviço", ou seja: DAR O EXEMPLO!
O puzzle deve ter a peça certa no lugar certo.
A vida deve ter a atitude certa no momento certo.
Há bem pouco tempo, dizia o Presidente:
“... temos de pensar naquilo que nós próprios devemos fazer pelo país. Não irei fazer promessas que não poderei cumprir. Um Presidente responsável, no quadro dos poderes que a Constituição lhe confere, não pode prometer que vai alterar uma situação que diz respeito a todos, começando pelos agentes políticos, que devem dar o exemplo. Esse é um dos meus modos de actuação, a magistratura do exemplo”.
Estou plenamente de acordo. Mas a "magistratura do exemplo" não é apenas palavras. Como eu gostava, Senhor Presidente, que viesse a alterar a sua decisão!
Vamos às contas possíveis, se os números que vieram a lume estiverem razoavelmente certos:
10.042 euros de reforma mensal - 7415 euros de vencimento mensal = 2627 euros mensais
2627 euros x 14 meses = 36.778 euros anuais
36.778 euros x 5 anos = 183.890 euros
Então, a optar pelo vencimento de Presidente, perderia na ordem dos 183. 890 euros, ao longo do 2º mandato.
É um número significativo, obviamente. Ainda assim, absolutamente insignificante se comparado com o prestígio que lhe reconheço e me fez atribuir-lhe o meu Voto! Por isso me permito repetir:
Como eu gostava, Senhor Presidente, que viesse a alterar a sua decisão!