A noção de grandeza que temos em relação ao que nos rodeia, varia imenso de pessoa para pessoa. A realidade envolvente molda-nos o pensamento. Vem isto a propósito de uma notícia que passou hoje na TV, sobre farmácias a fechar na sequência de negócios outrora prósperos, mas que a realidade crua dos nossos dias transformou em ruína. A reportagem era sobre uma farmácia em Monsanto, aldeia mais portuguesa de Portugal, que a proprietária estaria a vender por um euro, na condição de o comprador assumir a enorme dívida existente. A proprietária explicou as causas do problema, mas o que me prendeu a atenção foi uma pequena intervenção de um habitante, naquelas entrevistas de rua, em que pedem a opinião das pessoas. Calmo, lá explicou a sua perspectiva do problema. O que achei verdadeiramente delicioso foi quando, no meio do discurso, o senhor mencionava que o problema talvez nem devesse existir, porque a freguesia até era grande, com umas 800 a 900 pessoas. Fiquei, de imediato, a pensar que muitas vezes não conseguimos passar as mensagens que queremos, porque falamos para pessoas com realidades totalmente diversas daquelas que estamos a imaginar. Parece que até nos entendemos, mas não poderíamos estar mais distantes. A freguesia grande daquele homem insere-se num contexto de desertificação do interior do País. Uma freguesia grande, noutro contexto, nada tem a ver. É por isso que conhecer os contextos é fundamental para tomar decisões e é por isso que as boas decisões só estão ao alcance de alguns, nomeadamente os que "conhecem os dossiers".
Tal como na foto acima, é aparentemente fácil colocar o Sol entre mãos e torná-lo pequeno. Mas isso não muda o seu tamanho real.
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